Consulados : Milhares de portugueses nas ruas de Paris contra decisão do Governo
Paris, 18 Mar (Lusa) - Milhares de emigrantes portugueses em França manifestaram-se hoje em Paris contra o encerramento de quatro postos consulares naquele país, acreditando ainda ser possível convencer o governo português a alterar a sua decisão.
Os manifestantes expressam o seu descontentamento através de palavras de ordem como: "Governo ganha juízo, os consulados não dão prejuízo", "Cavaco Presidente, não deixes maltratar a gente" e "Governo se queres calar a gente, tens que ser mais inteligente".
Os organizadores sublinharam o "sucesso" do evento que segundo eles reuniu "mais de cinco mil pessoas", enquanto fonte da polícia de Paris contactada pela Agência Lusa estimava a presença de apenas cerca de duas mil pessoas.
Foi a primeira vez que portugueses desfilaram no percurso de cerca de 2,16 quilómetros entre as praças da República e da Bastilha, um local emblemático das manifestações em Paris.
António Fonseca do colectivo de portugueses que organizou o evento estava no início "apreensivo" com a possibilidade de fraca participação por causa da ameaça de chuva mas no final mostrava-se muito satisfeito com a forma como o desfile decorreu.
"O que nos ajudou foi a determinação das pessoas", disse António Fonseca à Lusa, acrescentando esperar que as autoridades portuguesas "não voltem as costas aos portugueses no estrangeiro".
A manifestação teve à frente bandeiras nacionais, vários grupos de bombos e a participação da Filarmónica Portuguesa de Paris.
O deputado do PSD pelo círculo da Europa e ex- secretário de estado das Comunidades, Carlos Gonçalves, afirmou não compreender o "capricho" de governo português de fechar quatro consulados em França, apesar de apoiar uma reestruturação consular.
O membro da Assembleia da República eleito pelo PCP Jorge Machado também presente na manifestação de Paris, lembrou que o governo recuou em relação ao seu projecto inicial mas, mesmo assim, continua a "desrespeitar" as pessoas: "O governo devia melhorar os actuais consulados e não encerrá-los", sublinhou.
Por seu lado, a deputada do Bloco de Esquerda Helena Pinto ainda tem esperança que o governe "recue" e tome em consideração as necessidades dos actuais emigrantes, assim como "as novas rotas" que colocam "novos problemas" àqueles que continuam a sair de Portugal.
Além dos portugueses que vivem nas áreas consulares de Versalhes, Nogent, Orléans e Tours, cidades onde estão instalados os postos que vão encerrar, marcaram também presença os emigrantes de Lille e Toulouse.
Na proposta inicial, estavam previstos encerrar os consulados de Lille e Toulouse, mas o governo decidiu transformá-los em escritório consular e em vice-consulados respectivamente.
O presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas, Carlos Pereira, lançou um apelo ao governo português para "não ficar insensível" à manifestação de Paris e que tenha em conta o interesse nacional: "Lisboa está a cortar a ligação a muitos portugueses, o que é um acto gratuito", disse.
Presente também na manifestação, Maria Gracinda Maranhão, líder do PS português em França, insurgiu-se contra a reforma dos consulados que, segundo ela, não toma em consideração "a realidade no terreno" tratando os portugueses no estrangeiro como "quantidade negligenciável".
"Não é por sermos socialistas que não nos manifestamos contra uma decisão que consideramos errada" de um governo do PS, disse.
Mais de um milhão de portugueses e luso-descendentes vivem actualmente em França.
A reestruturação consular foi aprovada quinta-feira em Conselho de Ministros com o governo a recuar em relação ao projecto apresentado em Dezembro último, decidindo encerrar 11 consulados e não os 17 inicialmente previstos.
Em França, palco de 19 manifestações, contando com a de hoje, da comunidade portuguesa, vão encerrar quatro consulados em vez dos seis previstos.
Esta reestruturação é acompanhada da criação pelo governo do consulado virtual, que permite o acesos pela internet a todos os actos consulares excepto os que requerem presença física.
FPB.
Lusa/Fim
Paris, 18 Mar (Lusa) - Milhares de emigrantes portugueses em França manifestaram-se hoje em Paris contra o encerramento de quatro postos consulares naquele país, acreditando ainda ser possível convencer o governo português a alterar a sua decisão.
Os manifestantes expressam o seu descontentamento através de palavras de ordem como: "Governo ganha juízo, os consulados não dão prejuízo", "Cavaco Presidente, não deixes maltratar a gente" e "Governo se queres calar a gente, tens que ser mais inteligente".
Os organizadores sublinharam o "sucesso" do evento que segundo eles reuniu "mais de cinco mil pessoas", enquanto fonte da polícia de Paris contactada pela Agência Lusa estimava a presença de apenas cerca de duas mil pessoas.
Foi a primeira vez que portugueses desfilaram no percurso de cerca de 2,16 quilómetros entre as praças da República e da Bastilha, um local emblemático das manifestações em Paris.
António Fonseca do colectivo de portugueses que organizou o evento estava no início "apreensivo" com a possibilidade de fraca participação por causa da ameaça de chuva mas no final mostrava-se muito satisfeito com a forma como o desfile decorreu.
"O que nos ajudou foi a determinação das pessoas", disse António Fonseca à Lusa, acrescentando esperar que as autoridades portuguesas "não voltem as costas aos portugueses no estrangeiro".
A manifestação teve à frente bandeiras nacionais, vários grupos de bombos e a participação da Filarmónica Portuguesa de Paris.
O deputado do PSD pelo círculo da Europa e ex- secretário de estado das Comunidades, Carlos Gonçalves, afirmou não compreender o "capricho" de governo português de fechar quatro consulados em França, apesar de apoiar uma reestruturação consular.
O membro da Assembleia da República eleito pelo PCP Jorge Machado também presente na manifestação de Paris, lembrou que o governo recuou em relação ao seu projecto inicial mas, mesmo assim, continua a "desrespeitar" as pessoas: "O governo devia melhorar os actuais consulados e não encerrá-los", sublinhou.
Por seu lado, a deputada do Bloco de Esquerda Helena Pinto ainda tem esperança que o governe "recue" e tome em consideração as necessidades dos actuais emigrantes, assim como "as novas rotas" que colocam "novos problemas" àqueles que continuam a sair de Portugal.
Além dos portugueses que vivem nas áreas consulares de Versalhes, Nogent, Orléans e Tours, cidades onde estão instalados os postos que vão encerrar, marcaram também presença os emigrantes de Lille e Toulouse.
Na proposta inicial, estavam previstos encerrar os consulados de Lille e Toulouse, mas o governo decidiu transformá-los em escritório consular e em vice-consulados respectivamente.
O presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas, Carlos Pereira, lançou um apelo ao governo português para "não ficar insensível" à manifestação de Paris e que tenha em conta o interesse nacional: "Lisboa está a cortar a ligação a muitos portugueses, o que é um acto gratuito", disse.
Presente também na manifestação, Maria Gracinda Maranhão, líder do PS português em França, insurgiu-se contra a reforma dos consulados que, segundo ela, não toma em consideração "a realidade no terreno" tratando os portugueses no estrangeiro como "quantidade negligenciável".
"Não é por sermos socialistas que não nos manifestamos contra uma decisão que consideramos errada" de um governo do PS, disse.
Mais de um milhão de portugueses e luso-descendentes vivem actualmente em França.
A reestruturação consular foi aprovada quinta-feira em Conselho de Ministros com o governo a recuar em relação ao projecto apresentado em Dezembro último, decidindo encerrar 11 consulados e não os 17 inicialmente previstos.
Em França, palco de 19 manifestações, contando com a de hoje, da comunidade portuguesa, vão encerrar quatro consulados em vez dos seis previstos.
Esta reestruturação é acompanhada da criação pelo governo do consulado virtual, que permite o acesos pela internet a todos os actos consulares excepto os que requerem presença física.
FPB.
Lusa/Fim